quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Maria

            Este é só mais um daqueles dias em que tudo o que sinto é a ausência. Sentimentos, vontades, emoções. Nada.
            A inconsciência tornou-se minha melhor amiga desde que a humana que desempenhava este papel deixou-me por falsas palavras e manipuladoras pessoas. Não está certo.
            Acordo pouco depois das três da manhã todos os dias em que me lembro de Maria – o que jamais deixa de acontecer. A escuridão toma conta do meu coração e arranca, fazendo jorrar lágrimas, as palavras que eu teria dito, se ela não houvesse me trocado por um grupo de... Não importa o que eles são. As palavras simples – que mudariam tudo - que eu poderia ter dito: Maria, eu amo você.
            Mas Maria, minha melhor amiga, minha amada, trocou todo o amor de uma vida por uma noite de alegrias mundanas. Sexo, drogas, promiscuidade, álcool. Maria conseguiu, em uma noite, destruir os ideais que eu montara por anos. Ela levara consigo meus sonhos, minha vida a dois, minha solidão.
            Anos já se passaram desde que Maria me deixou e jamais visitei seu pequeno e simples túmulo. Encontrei, certa vez, entre suas roupas abandonadas, uma carta destinada a mim. Ela dizia, entre lágrimas, que me amava, mas que não me merecia e, por isso se afastaria. A carta datava de mais de um ano antes de sua fuga e morte, que aconteceu uma semana depois. A coragem lhe fugira e a carta ficara oculta entre vestidos de seda fina.
            Maria, minha doce flor, arrancada de minhas mãos leves e carinhosas por duras mãos de ferro. Tornou-se apenas mais uma a abrir mão de sua pureza a qualquer um. Mais uma a morrer, moribunda, no colo do amante de uma noite, apenas mais uma a entregar-se as “delícias” do mundo e ser assassinada por suas próprias cobiça, vaidade e luxúria.
            Peço desculpas a todos os que me tem como um amigo, ou um ente querido, mas não agüento mais. Tenho que acompanhar Maria, para que eu possa, enfim, descansar.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Ser Feliz, Fernando Pessoa

Ser Feliz


Posso ter defeitos, viver ansioso
e ficar irritado algumas vezes mas
não esqueço de que minha vida é a
maior empresa do mundo, e posso
evitar que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale
a pena viver apesar de todos os
desafios, incompreensões e períodos
de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos
problemas e se tornar um autor
da própria história. É atravessar
desertos fora de si, mas ser capaz de
encontrar um oásis no recôndito da
sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã
pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios
sentimentos.

É saber falar de si mesmo.

É ter coragem para ouvir um "não".

É ter segurança para receber uma
crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir
um castelo…

terça-feira, 27 de abril de 2010

Gélido inverno

     Tenho estado tão... triste. Minha mente falhou em bloquear as emoções que ainda teimam em invadir meu ser. Agonia tem sido frequente.
        Minha tão amada solidão jamais me feriu tanto quanto agora o faz. O abandono de quem amo, ou amava, dói imensamente mais quando sem querer começo a sentir. Aquela sensação estranha que todos tem... Saudade. Jamais consegui livrar-me dela.
        Sei que não há fundamentos em tais pensamentos, mas sempre considerei o abandono e a solidão dádivas do destino para mim, mesmo não me achando merecedora de tanto. Sou apenas uma adolescente medíocre.
        Passar anos vivendo praticamente sozinha abriu meus olhos. Pais ausentes, irmãos que nem ao menos sei como estão, a casa grande vazia... Nada me trás consolo quanto à dor; o silêncio monstruoso invade a mansão juntamente com a negritude da noite e me aterroriza.
        Jamais confie em “amigos”. A humanidade é corrompida, e cada um busca apenas os próprios interesses, o melhor para si; é impossível que realmente alguém se importe comigo ou com meus problemas sem visar algo para si. Esta é a ordem natural. Apenas os melhores sobrevivem; estes são sempre os solitários.
        A solidão trás seus pontos positivos, como o homem poder estar consigo mesmo e ao mesmo tempo longe de outras pessoas.
        Junto com minha tristeza há o sentimento de culpa. Não encontro razões para tal... Destruir corações nunca foi encarado como algo perverso e digno de tal sentimento. Não me sinto hábil para conviver com alguém. Foi um erro me envolver.
        Antes a companhia daquele que deixei para trás me mutilava; agora sua ausência o faz. Ele é insubstituível, mas não há como voltar atrás. Aquilo que muitos chamam de destino costuma divertir-se torturando meu coração.
        Muitas vezes tentei mudar o tal... destino. As cicatrizes em minhas pernas, braços e pulsos mostram o quanto minha tentativa de fugir do sofrimento foi insistente, mas ainda assim sem sucesso, dado que ainda vivo. Não me arrependo de tê-las feito, mas de não concluí-las antes que alguém me encontrasse jogada contra o chão.
        Muitos dizem que minha história consiste em uma superação, uma vez que ainda estou viva... Ou quase. O torpor ainda invade minha mente, mas ele está diferente.
        Antes uma névoa envolvia minha mente, protegendo-me do exterior; tal névoa se dissipou e então o sofrimento começou. Forcei para que ela retornasse, mas em seu lugar encontrei gelo. Viver em um gélido inverno dentro da própria cabeça é doloroso.
        Tentar derreter o gelo para que voltasse a névoa somente piorou. Envolvi-me novamente com prazeres carnais e impossíveis; sonhei, criei expectativas... Descobri que não sei o que esperar. Não sei o que é ser feliz.
        Por mais que busque, ou queira, creio que jamais descobrirei o sentido de felicidade. Meu gélido inverno, em breve, voltará a ser o escaldante verão, onde sufocarei dentre vapores venenosos e voltarei a sofrer imensamente e suplicarei para que a dor estranha e distinta que o gelo trás para mim retorne para meu ser, transformando-me, de novo, em um gélido inverno.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Intuição


          O ano começara um pouco diferente do normal. Meus amigos não estavam mais tão próximos. Era meu último ano em companhia daqueles que estiveram tão presentes na minha vida durante os anos anteriores. Era inevitável que a dor viesse.
          Tanto tempo eu pude contar com meus amigos e agora simplesmente tenho que deixá-los e partir. Alguns meses se passaram. Já era novembro e eu não tinha dito adeus ainda. Tinha apenas algumas semanas para tentar resolver tudo.
          Wake me up when september ends.
          Eu desejava mais do que tudo simplesmente sumir dali. Não queria mais ter que preparar meus amigos para a despedida que viria. Eu me mudaria. Iria para o Sul de qualquer forma. Precisava sair dali. Era insuportável.
          Durante alguns dias ignorei a existência de todos os meus amigos. Tranquei-me em meu quarto, como de costume. Eu não tinha idéia do que fazer. O som baixo da música entrava em meus ouvidos como gritos. Green Day, uma de minhas bandas preferidas. Em algumas canções a batida era leve, mas ainda assim parecia forte. Coloquei as mãos sobre os ouvidos.
          No terceiro dia Mateus me ligava a cada meia hora para saber como eu estava; Diego a cada cinco minutos. Fernanda me enviava mensagens a todo o instante, insistindo para que eu respondesse; Caroline estava no msn chamando minha atenção sempre que conseguia.
          Mateus estava acostumado com meus desaparecimentos repentinos. Já estavam virando rotina. Fora assim desde que tivemos um problema, mas minha ausência total ainda era estranha para ele.
          Diego era um caso um pouco mais complicado. Próximos demais. Doía para ele não ter notícias minhas, eu sabia disso, mas ainda assim não estava pronta para contar que o abandonaria. Não queria que ele fosse apenas mais um em minha lista de antigos amigos. Os nossos planos seriam abandonados para sempre.
          Fernanda me ajudara em tantos momentos... Apareceu em minha vida pouco depois da ida de Caroline. Tínhamos alguns planos, mas nenhum deles vai ser cumprido. Eu estraguei todos.
          Caroline... Ela não tinha razão de estar preocupada. Anos tinham passado desde que tínhamos nos visto por mais de uma semana. Ela estava morando longe, mas nunca nos afastamos. Caroline era minha melhor amiga de infância. Estava vivendo do outro lado do país desde que era ainda uma criança, mas ela ia para o Sul comigo. E depois para a Europa. Era nossa promessa.
          O msn estava começando a incomodar. Aquela luz azulada piscando na barra de ferramentas. O telefone do meu quarto não parava nem mesmo um minuto e meu celular estava sempre reproduzindo o alerta de mensagens e chamadas. Tudo estava me agoniando. Desliguei o computador sem nem mesmo ler as mensagens, tirei a bateria do celular e desconectei o cabo do telefone. Agora, definitivamente, eu estava isolada de todos.
          Cinco minutos. Eu não precisava de mais tempo, apenas de cinco minutos para ficar comigo mesma. Sozinha em meu quarto para pensar. O que era certo? O que eu deveria fazer?
          Várias vezes ignorei meus pensamentos. Apenas segui por instinto e tudo dava certo. Meu mundo já havia desabado várias vezes, mas na maioria delas minha intuição não era ouvida. Talvez fosse melhor pensar mais um pouco.
          O tempo passava lentamente. O pêndulo do relógio era constante, marcando cada segundo com um som. Nenhuma solução aparecia em minha mente. Nenhuma forma de melhorar, de seguir sem chorar.
          Desisto. Chega de pensar. Vou deixar minha intuição me guiar. Só espero que ela esteja certa desta vez também.
          Liguei novamente todas as formas de comunicação do meu quarto. No subnick do msn escrevi: “Não me perguntem o porquê. Vou me mudar para o Sul e ser feliz.” Mandei mensagens para o Mateus, Diego e Fernanda falando da minha decisão e dizendo que sentia muito por ter que deixá-los assim. Os telefonemas logo começaram, me pedindo pra explicar melhor. O msn explodia de mensagens perguntando o porquê de uma decisão tão repentina...
          Calmamente expliquei a todos, como já tinha feito com meus pais. Era o melhor pra mim e o meu sonho. Caroline estava excessivamente feliz e não via a hora de arrumar as malas e encontrar-se comigo em Santa Catarina. Tudo estava perfeito para ela. Matt, Diego e Fernanda não conseguiam acreditar no que eu estava fazendo.
          Foram algumas horas até que finalmente todos perceberam que eu não mudaria meus planos e que embarcaria em duas semanas. Todos disseram que iriam levar-me até o aeroporto para me dizer adeus. Caroline disse que me buscaria no aeroporto do Sul.
          O tempo passou rapidamente. Recebi muitas visitas dos meus amigos em casa. Eles diziam que queriam aproveitar o máximo o restante do tempo que tinham comigo. Meu telefone não parava nem mesmo um instante. Prometi que mandaria uma mensagem assim que saísse do avião e avisaria endereço e telefone novos.
          O dia chegou. Dia 1º de dezembro. Todos estavam em minha casa no horário combinado. Nem mesmo um minuto de atraso. Ajudaram-me com minhas malas e levaram-me. Não quis que meus pais fossem também. Já teriam lágrimas demais apenas com meus amigos...
          A despedida fora dolorosa. Todo o preparo fora inútil. O distanciamento tinha deixado de existir nas duas últimas semanas e tínhamos voltado a ser melhores amigos. Insistiram para que eu desistisse, mas, por pouco, consegui voltar as costas para eles e entrar no avião que me levaria para uma nova antiga vida. Para uma vida com minha melhor amiga Caroline.
PS.: O texto acima não pertence ao livro Quarto dos Escritos.

terça-feira, 30 de março de 2010

Lua Cheia


A lua estava cheia e dava um brilho branco ao céu negro. Poucas estrelas podiam ser vistas, mas ainda assim a noite era linda. Apenas algumas nuvens cinza manchavam a negritude ao longe.
Saí da escola tarde, como era meu costume. Estudava em horário integral. Era comum chegar a minha casa após o anoitecer e encontrar quase todas as luzes da grande casa apagadas. O medo que antes enchia minha mente para entrar naquela casa sombria agora já não incomodava mais. Tudo virou rotina. Inclusive o pavor de chegar ao segundo andar que sempre era deixado totalmente às escuras.
Era apenas coincidência, mas sempre que eu entrava no meu quarto e ligava o computador para tentar escrever um pouco o telefone tocava. Cada dia era uma pessoa; às vezes minha mãe, meu pai, alguns amigos de meu pai procurando-o... Mas o caso mais raro era meu namorado ligar.
Acontece que numa terça feira comum, depois de muitas aulas estressantes de matemática, cheguei pensando em apenas descansar, sendo assim apenas troquei de roupa e deitei em minha cama oriental. O telefone logo tocou, como já era esperado, mas desta vez a voz era diferente das que sempre me atormentavam quando eu queria descansar. Era ele. O que eu julgara como o “homem da minha vida” ligara-me com a voz extremamente fria.
“Preciso conversar com você. Porque não está online?”
Ele desligou o telefone. Duas frases simples e já me deixaram completamente apavorada. O que ele queria comigo? Até ontem nós estávamos bem... Conversamos quase o dia inteiro e nem ao menos alguém levantou o tom de voz. Ele estava estranho.
Olhei pela janela enquanto o computador iniciava. A lua brilhava no alto como se nada mais acontecesse no mundo inteiro. Como se tudo estivesse adormecido, esperando a hora em que o sol amarelo tomaria o lugar da lua branca. Consegui ver as “manchas” na lua. Eram as crateras; apenas buracos no solo lunar, porém à distância são tão lindas.
O msn conectou automaticamente. Não tinha como fugir. Logo ele chamou minha atenção e, sem ao menos esperar minha resposta, mandou um texto que já parecia estar escrito há muito tempo.

Carla... Olha, sabe de uma coisa? Eu andei pensando esses dias e percebi que não tenho tido vida por sua causa. Não é que eu não goste de você, é só que eu preciso viver um pouco. Nenhum adolescente de 18 anos passa a semana inteira em casa porque a namorada não pode vê-lo. E ninguém passa o fim de semana sentado num sofá assistindo TV com a sogra. Pensa bem, eu sei que os últimos 10 meses foram ótimos, mas a rotina acabou com a gente. Não agüento mais ver o mesmo shopping sempre. As mesmas pessoas. Sempre seus amigos. Minha família reclama porque eu não saio mais com eles porque estou sempre com você. Por mais que meus amigos gostem muito de você eles sentem minha falta na hora em que vão sair. Me chamam sempre, mas nunca posso ir porque tenho que ir pra sua casa. Fora que... sei que estou sendo egoísta nesse ponto, mas você nunca cedeu aos meus pedidos. Você sabe sobre o que estou falando. Sei que é nova e tudo, mas... Você já tem 16 anos, sabe se cuidar... poderíamos ter ultrapassado os limites que você mesma nos deu. Talvez isso salvasse o nosso namoro. Ca, não me leve a mal... Simplesmente quero aproveitar minha juventude. Não quero mais perder meu tempo preso a alguém. Bem, não exatamente perder tempo, mas não viver minha juventude. Desculpe Carla. Sei que você vai ficar muito abalada... Não queria ouvir seu choro, por isso pedi pra você entrar no msn. E não... Antes que pense, não tenho outro alguém. Você foi única e importante pra mim, mas acabou.

Ele estava offline. Tinha apenas mandado o texto e saíra. Em meu porta-retratos estava uma foto minha e dele, na escola, onde eu tinha escrito “You Belong With Me” no vidro. A música da Taylor Swift traduzia meus sentimentos antes, quando ele era apenas um amigo e eu era apaixonada por ele.
Ele estava certo... Eu estava chorando. Começara a soluçar. Não tinha forças pra parar. As lagrimas corriam livremente por meu rosto e pingavam de meu queixo para a blusa azul bebê que ele tinha me dado quando completamos 10 meses de namoro. Abracei o John, meu urso de pelúcia que eu ganhara no meu aniversário, e continuei chorando.
A luz que vinha de fora escureceu repentinamente. O céu que antes estava negro com um círculo branco e lindo iluminando pouco agora se tornara uma cortina cinza. As nuvens haviam tomado todo o céu e coberto a lua cheia. Pensei em como se parecia com minha felicidade. Tudo estava perfeito, até que o vento empurrou nuvens cinza cobrindo a minha fonte de luz e felicidade e de repente o tempo mudara dentro de mim. Grandes gotas caíam do céu. A chuva estava forte demais para que pudesse continuar procurando as estrelas.
Deixei a janela fechada e liguei meu rádio. Tocava “You Belong With Me”. Aumentei o volume e deixei que a música me carregasse para o sono profundo, onde sonhei com o “homem da minha vida” caminhando na direção oposta a mim. Senti um gosto salgado em minha boca, mas recusei a acordar até que tudo no sonho estivesse resolvido e eu pudesse ter certeza que em meu céu a lua cheia novamente apareceria envolta de estrelas reluzentes.

PS.: O texto acima não pertence ao livro Quarto dos Escritos.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Progredindo

Bem, sei que parece clichê, mas o que eu mais quero é agradecer a quem acompanhou meu blog até o fechamento dele. Graças aos meus leitores eu pude perceber que talvez tivesse algum potencial para escrever e o meu livro já tá progredindo. Com mais de 70 páginas mesmo sem as ilustrações e no tamanho A4 ele é um conjunto de meus contos e cartas, tanto os já postados no blog quanto inéditos. É simplesmente maravilhoso ver um sonho ser realizado.
Já procurei editoras e tô esperando algumas respostas, mas ainda não tentei a que eu realmente quero, que é a Rocco, porque ainda faltam várias partes importantes no meu projeto.
O nome não pôde ser "Escritora de Gaveta" porque poderia ser considerado plágio por não ter sido uma idéia minha. O nome é "Quarto dos Escritos". Tive que alterar uma das cartas pra poder mudar o nome do livro, mas ficou bom. Eu não sei mais o que falar, a não ser que essa experiência vai mudar minha vida, pra melhor ou pior.
Enfim, espero que meus planos deem certo e conto com a colaboração de todos para fazer propaganda :B
Só isso. Assim que eu tiver alguma resposta coloco aqui no blog.
Beeeeijos, pessoinhas :)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O fim abre espaço para um novo início

Durante bastante tempo postei contos e cartas aqui no blog, mas como existe a possibilidade de que tais contos transformem-se em um livro, vou parar de publicá-los aqui.
Este não é o fim do meu hobby, mas é uma chance de deixar de ser uma pseudo-escritora e de realmente entrar de cabeça no mundo literário.
Queria dizer que sempre agradeci muito aos que tiveram paciência de ler meus textos e que criticaram. Estas pessoas me incentivaram, mesmo sem saber, a continuar escrevendo e a tentar melhorar. Buscando a perfeição tive a oportunidade de alcançar meus objetivos.
Então... Desculpe-me se desapontei aos meus poucos leitores, mas tenho que correr atrás do meu sonho e, caso não existam contos inéditos, não haverá nenhuma emoção na leitura do meu possível livro, ainda sem nome.
Quem quiser ter acesso a esse material, após sua publicação, poderá me procurar em qualquer uma das redes sociais que tenho conta (orkut, msn, twitter e formspring).
Obrigado pela ajuda e compreensão de todos.
Escritora de gaveta, Zöe, Laise.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A Escritora

Olhando pela varanda o pequeno bosque já tornara-se invisível, com o cair da noite. Os pássaros não faziam mais nem um barulho sequer. Apenas ouvia-se o ruído baixo dos carros passando longe, na rua ao lado e o som quase inaudível do rádio no quarto ao lado. O ambiente perfeito para uma escritora trabalhar.
Mas ela tornara-se um estorvo na vida de todos na casa. Não trabalhava mais. Nada fazia. Estava deprimida.
Os livros jaziam sobre a mesa do quarto. Ninguém ousava ao menos tocá-los, mesmo que para guardar. A cama estava sempre ocupada. Ela estava lá, deitada, praticamente morta, desligada de tudo o que ocorria em volta. O computador onde tantas vezes escrevia animadamente seus contos permanecia desligado. As canetas, os cadernos e as várias folhas amassadas ainda estavam no chão, ao pé da cama esperando ansiosamente uma nova história para preencher-lhes o espaço vazio. A caneca onde sempre era servido o tradicional café forte ainda estava lá, ao lado de tantas memórias, vazia.
Tantas vezes ela descrevera a depressão, a tristeza, o medo, a desconfiança. Em tantas histórias seus personagens ultrapassaram barreiras fortes, perdas e dores, mas nunca desistiam. Eram fortes. Mas ela não. Ela estava lá, ainda deitada na cama esperando que a vida voltasse a ser feliz. A perda de sua inspiração a havia tomado todas as forças. Seu rosto tornara-se uma máscara triste, pálida, sem esperanças.
Apenas o rádio deixava o quarto com um pouco de vida. A música não saía do ambiente. Tristes e alegres estavam lá, sendo acompanhadas pela voz suave da escritora. A máscara movia-se lentamente para acompanhar as letras das canções que alegravam levemente o quarto.
As crianças que moravam na rua sempre a procuravam, esperando que ela lhes contasse novas histórias. Ficavam sentadas por horas, escutando a escritora cantar suavemente. As histórias ficavam sempre para o outro dia. Tal dia nunca chegaria, diziam alguns. Os adultos aguardavam ansiosamente que seus filhos voltassem com notícias dela. Era muito querida no bairro onde morava, mas sempre fora fechada e não tinha muitos amigos próximos. Encontrara companhia em livros e jamais achou necessário buscar mais alguém para compartilhar suas aventuras. Apenas conhecera uma pessoa, e entregara-se completamente, fazendo dela sua inspiração.
Mas ele se fora, com o tempo todos vão, nada é eterno. A escritora desistira de viver. Não era velha. Talvez ainda não tivesse alcançado seus 30 anos, era impossível determinar. A máscara não deixava. Mesmo com tanta beleza desistira de buscar outra maneira de ser feliz, apenas desejava ter seu amor de volta. Ninguém sequer imaginava o que tinha acontecido ao noivo. Num dia estava lá e no outro havia desaparecido. Muitos dizem que fugira, por medo ou buscando atenção, não se sabe. Outros dizem que encontrou outro amor e resolveu abandonar a escritora. Alguns dizem que ele estaria morto. Muitos são os rumores, mas nada é confirmado.
A escritora passara meses aguardando seu amado, sua inspiração, a razão de sua vida, mas ele não retornara.
Cansada de apenas esperar ela levantou-se certo dia, no meio da noite e caminhou até a varanda, munida de lápis, borrachas e algumas folhas em branco. A família apenas observava em silêncio os passos cuidadosos da escritora. A tão querida filha mais nova, o orgulho de toda a casa.
Pelo descostume andar tornara-se uma tarefa árdua. Passo após passo ela apoiava nos móveis e nas paredes por todo o caminho, desde o quarto, de onde saía ainda a música suave até a varanda.
Olhando pela varanda o pequeno bosque já tornara-se invisível, com o cair da noite. Os pássaros não faziam mais nem um barulho sequer. Apenas ouvia-se o ruído baixo dos carros passando longe, na rua ao lado e o som quase inaudível do rádio no quarto ao lado. Sentara-se à pequena mesa e começara a arranhar o papel com a ponta de um dos lápis. Contou toda a sua saudade, todo o seu amor, toda a sua dor e descreveu com detalhes a sua depressão. Contou sobre as crianças e sobre seus pais, contou sobre a música e sobre as estrelas que observava todas as noites.
Poucos leram aquele texto, mas diziam que era o mais belo. Ainda mais perfeito do que uma melodia ao piano, que uma obra de Shakespeare, que um amor real. A dor transformou o amor em poesia. Fora o último texto daquela escritora, que perdera para sempre sua maior inspiração: seu amor próprio, sua auto-estima, sua vida.

A Fuga


Mais uma semana no spa Maria Bonita... Comida natural, exercícios físicos, comida viva... Vida saudável.
Um grupo de 13 adolescentes estava indo até bem, porém o estoque de comida industrializada estava chegando ao fim e ainda nem era quarta feira. Os planos da "máfia" adolescente começaram a aparecer. Como fariam para conseguir mais comida? Não havia pais ou outros adultos dispostos que pudessem comprar algo para nós fora do spa, como fora feito no ano anterior.
O melhor plano fora denominado "A Fuga".
Na quarta feira a tarde, durante o horário livre, enquanto alguns jogavam bola, video game ou faziam massagem, três veteranos caminharam calmamente pelo spa até uma abertura no arame farpado da cerca do spa. Passaram por baixo e começaram a correr loucamente. A adrenalina chegara a mil em apenas um segundo. Os três diminuíram o passo após algum tempo, quando não podiam mais ser vistos. A estrada de terra estava deserta e, após uma caminhada constante, o Zé olhou para trás e parou e disse:
- Três cavalos. Somos três. É o destino!
- Claro que não, ow. A gente não pode pegar os cavalos - disse Laa. - Eles tem dono.
- E não estão selados - era o Ademir. - Não dá pra andar assim.
Desistiram dos cavalos e continuaram a caminhada. Chegando à estrada havia uma bifurcação. Perguntaram a uma senhora que passava pela rua no momento e descobriram o caminho certo (na verdade qualquer um daria certo) e começaram a subir a rua de terra até a estrada.
- Pra que lado é agora? - Ademir perguntou.
- Para a esquerda - disse o Zé.
- Acho que é pra direita... - Laise disse, com certa dúvida.
Era para a direita. Quase que os três erraram o caminho. Seria um incômodo acabar no portão do spa por engano. A tia da loja os atendeu brincando. Comentou sobre a dieta rigorosa do spa e os ajudou a guardar as compras (alguns biscoitos, sucos e doces). Os três resolveram comprar picolés, portanto os tomaram na lojinha. Pouco antes de sair cada um dos meninos comprou um guaravita e agradeceram à tia.
Atravessaram a estrada com os casacos estufados e, pouco depois de começar a descer a rua para retornar ao spa escutaram uma buzina. Zé falou:
- Deve ser alguém do spa. Vamos logo, ignora.
O carro parou e a voz tão odiosa foi ouvida.
- Querem uma carona?
Era a nutricionista! Os três analisaram o carro devagar. A filha mais nova estava no banco traseiro, sem expressão; a filha mais velha (famosa x9) estava no banco da frente, com um sorriso sarcástico na face e, atrás dela estava Jaqueline, a nutricionista do spa. Três pensamentos correram as cabeças dos adolescentes:
Zé: Esconde o guaravita!
Laa: Logo ela!
Ademir: Ah, fudeu!
O momento de pânico tirou a voz de todos. O primeiro a falar foi o Zé:
- Precisa não. A gente está fazendo uma caminhada.
O carro arrancou e ainda foi possível ver o sorriso sarcástico no rosto das duas nos bancos da frente. Os três começaram a correr, os M&M's começaram a cair no bolso do casaco do Zé e os biscoitos a cairem do casaco da Laa (que por acaso era do Zé). Depois de um tempo de corrida e de todos estarem ofegantes entraram em um acordo. Não correriam mais, esconderiam as compras assim que entrassem no spa e começariam a acreditar em destino (lembrando: os cavalos).
Chegaram e procuraram um local para esconder. Havia uma casa ao lado da cerca. Os três deram a volta na casa e Laa encontrou o esconderijo perfeito: pulando a valinha havia um coqueiro, o saco foi colocado lá e coberto com folhas secas (elas tinham espinhos). Os três voltaram devagar para os chalés para não levantar suspeitas sobre onde era o esconderijo.
Ao chegar ao chalé os três contaram o ocorrido a um grupo pequeno e resolveram buscar as compras antes de anoitecer. A Laa falou que iria, mas não sozinha, então a Luh foi junto com ela e, para não levantar suspeitas, deram a volta por todo o spa, indo depois para a casa ao lado da cerca.
No caminho o porteiro começou a gritar. Falava coisas sobre não sair do spa, ou algo assim. As meninas o ignoraram por um tempo, mas depois a Laa gritou:
- A gente só tá andando!
Voltaram a caminhar, chegaram à árvore e destaparam as compras, esconderam-nas nos casacos e voltaram a andar. O porteiro não as viu voltar, mas todos as viram nos chalés, então não houveram suspeitas. Os doces foram distribuídos, as histórias contadas. Apenas duas pessoas estavam sendo procuradas, não perceberam que o Ademir também fugira, o que foi bom para a reputação dele. O Zé ganhou o apelido de "fujão" no diploma da formatura do spa. E a história será lembrada por todos os 13 adolescentes que estavam no spa Maria Bonita no mês de janeiro de 2010.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Carta de um apaixonado V

O sol brilhava forte naquela manhã de verão. Não passava muito das 8 e já podia sentir minha pele queimando sob o sol. Meus ombros ardiam devido ao calor forte.
O som das ondas deixava-me melancólica. Lembrava-me da última vez em que estive tão próxima das águas do mar, por acaso em companhia dele. Daquele que tanto amo, mas não deu certo. Descobri que não fomos feitos um para o outro.
Tantas coisas aconteceram desde o início do verão... O céu deixou de ser azul, a areia clara e o mar calmo. O mundo desabou. O pôr-do-sol tem, agora, um tom gris, o céu tornou-se negro.
O romantismo se foi, acompanhou o caminho daquele que se afastou de mim sem hesitação. Apenas voltou-se para a saída e não olhou para trás.
Não pude acreditar quando tudo havia mudado, que minha vida havia deixado de ser perfeita, calma e feliz. Depois de tantas experiências divididas, tantos sonhos compartilhados... Simplesmente terminou. Era certo como o fim do dia, o sol sempre encontra o mar, o dia sempre dá lugar à noite.
O amor acabou. A poesia se foi. A alegria encontrou seu fim.
Uma carta pequena, porém sincera, sobre um amor longo e mentiroso. O destinatário será minha gaveta novamente. Não tenho coragem ainda de mandar tais palavras para a pessoa certa, aquela que jurava ser a certa.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Amigos


- Diego! Diegoo!
Ele não olhava. Estava com os fones de ouvido, eu tinha certeza. Tentei de novo, só que mais alto.
- DIEGOOO!
O shopping inteiro olhava para mim agora, menos Diego. Meu melhor amigo. Ele era quase o melhor amigo perfeito de uma garota de 16 anos, quase 17. Pena que ele era completamente distraído.
Cheguei perto dele e o abracei. Ele levou um susto e quase me bateu, mas percebeu quem eu era poucos segundos antes de me acertar (ou morrer de susto).
- Ah, Zöe, não tinha visto você aqui. Está atrasada.
- Na verdade você ta atrasado, eu tava te esperando. Mas isso não importa. Vamos comer! To com fome...
- Pra variar...
Nós rimos e fomos para a mesma lanchonete de sempre tomar o nosso café. Como sempre ele pediu uma torta de chocolate e eu, além do meu tradicional cappuccino, pedi um lanche maior.
- Diego...
Ignorada.
- Diegooo! Eu quero chocolate!
Falei com “voz de criança fazendo birra”, como costumavam dizer. E meu rosto também estava parecido com o de uma criança, ou melhor, com um bolinho.
Ele começou a rir e me deu um pedaço grande demais. Como sempre fui desajeitada deixei o pedaço cair no prato. Ele riu mais ainda e eu o acompanhei. Aquelas coisas só aconteciam perto dele... Era divertido demais ser desajeitada.
O celular dele tocou. Era a Camille, uma das amigas dele que não gostava de mim. O meu nome não foi citado nem uma vez na conversa que foi excessivamente longa... Nem mesmo na hora em que ela perguntou onde ele estava. Fui comprar um sorvete para mim e um pro Diego.
Quando Diego desligou o telefone começou a rir. Só depois de um tempo fui perceber que ele ria de mim. Eu estava toda suja de sorvete. E ele não era o único que estava rindo da minha situação. Desesperada comecei a me limpar. Eu estava totalmente vermelha. Olhei a hora. Seis e meia.
- Diego, hora de ir.
- Verdade. Pra variar hoje você conseguiu me divertir.
- Ah, me deixa!
Começamos a rir, pegamos nossas coisas e saímos da lanchonete. Fomos para a casa do Mateus rindo ainda. No meio do caminho conversamos sobre o futuro e pareceu estranho que tínhamos as mesmas expectativas. E os mesmos medos.
Mateus estava nos esperando, assim como vários outros amigos. Quando vi que estavam jogando vídeo game e conversando pensei: “Esta noite vai ser divertida”, sentei no sofá cheio, peguei um dos controles e me diverti de verdade com amigos de verdade.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Relatos


“Zöe estava desesperada. Dependera de mim por tempo demais. Agora tudo havia mudado. Eu havia mudado e dissera que ela mudara. Eu a havia ofendido. A amizade de quase um ano estava por um fio e a culpa fora minha, mas ainda assim ela se sentia mal. Por quê?!” 


Os relatos do diário dele eram simples. Ele queria voltar a ser o meu melhor amigo, mas ainda assim... Era complicado. Matt deixara o diário em cima da mesa do meu quarto de propósito, só pode ser. Ele não seria tão descuidado. Ainda mais marcando exatamente esta pagina. Deixando-a aberta para que todos lessem. Ele era mais cuidadoso com seus segredos do que isso. Ele queria que eu lesse. Isso se tornou óbvio.
Mas ainda assim... Não há o que mudar. Eu não mudei, mas Matt insiste nisso. Ele diz que sente falta da melhor amiga dele, que a quer de volta, mas eu nunca fiquei afastada dele. A não ser por causa daquele problema... Mas não quero perdê-lo.
Não sabia que Matt mantinha um diário. Descobri quando ele o levou na minha casa no dia em que fomos conversar sobre a minha suposta mudança. Ele provavelmente escreveu aquilo apenas para voltarmos a ser amigos. Ele sabe que eu não seria capaz de ler mais nada depois que lesse aquilo, muito menos se fosse para confirmar os fatos.
Eu sentia falta de Matt. Não queria que ele soubesse que todas as noites eu ainda choro por ele e que não consigo passar nem mesmo cinco segundos sem ansiar por uma mensagem ou qualquer tipo de contato dele. Confiei plenamente na voz que dizia em minha cabeça que eu nunca o perderia.


“E desde quando você se foi, me pego pensando em nós dois.” 


Minha irmã sempre escuta uma música que tem esta letra. Ela me faz lembrar Matt. Não consigo parar de pensar na maneira estúpida como meu melhor amigo se afastou de mim.
Eu tinha que devolver o diário, então fui até a casa dele em um dia de reunião de amigos e ele me ignorou, praticamente. Eu nem mesmo parecia existir naquela sala. O videogame sempre ligado, adolescentes rindo, piadinhas rodavam a sala. Eu participava daquela loucura, mas sabia o que se passava no interior da minha mente.
A saudade que eu sentia dele. Nada mais importava. Talvez o que tenha me feito não chorar ou sair correndo tenha sido a presença do meu outro melhor amigo, Diego. Ele estava o tempo todo ao meu lado, mesmo sem saber totalmente do meu problema.
Eu não conseguia mais pensar neste problema. Não conseguia mais pensar em nada. A simples idéia de ser ignorada por alguém que é basicamente um pilar é insuportável. Dói demais.
As palavras somem da minha mente. Não consigo expressar tamanho amor e raiva e dor e saudade. Ainda bem que Diego estava o tempo todo comigo, me dando força para não desabar feito a boba melancólica que existe dentro de mim.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Mudanças... Ou regressão?

Como nos velhos tempos eu estava apenas escrevendo. Não sentia. Escrevia.
Como nos velhos tempos eu não conseguia pensar. Estava tudo escuro demais, claro demais, barulhento demais, silencioso demais, estranho. Como eu.
Apenas pensava em como tudo estava mudando em um novo ano. As amizades, os amores, a família, os sentimentos, as vontades, os encontros, a vida.
Nada mais é como era antes. O mundo mudou em apenas um dia. O que era impossível tornou-se possível outra vez. Ninguém mais sabe o que esperar da vida.
As músicas preferidas não são mais as mesmas. As roupas que tanto gostava não são tão lindas, agora. Os melhores amigos te julgam, mas aparentam não fazê-lo. São sutis como jamais foram.
Até mesmo a maneira de escrever mudou. A tão conhecida “fonte básica” não é mais usada. Os estilos não são os mesmos. Os leitores não se agradam mais.
Tudo mudou, mas na verdade apenas voltou a ser como era. A falta de amor, a falta de amigos, a falta de inspiração, a falta de gosto, a falta de vida.
Será que realmente desisti de tudo o que era precioso pra mim? Será que não consigo mais ver o que basta para ser feliz? Preciso de tudo o que não tenho, mas posso ignorar o que conquistei com tanto esforço?
As palavras saem com tanta naturalidade... Nem mesmo preciso escolhê-las ou pensar em meu objetivo. Elas apenas saem por meus dedos frouxos. Não encontro mais sentido em palavras comuns. Preciso de expressões, olhares, tons de voz.
Parece que o mundo inteiro mudou. Foi aquele minuto. Aquela decisão. Alterou todo o meu presente e meu futuro, como sempre, mas ainda assim não é o que eu quero. Não é o que eu esperava.
A vontade de escrever está sendo menor do que a necessidade. Não agüento mais esconder o que está em meu coração. Poucas pessoas sabem pelo que passo. Não vou me expressar aqui. Não vou contar a ninguém mais.
Vou tirar todo o peso e deixar tudo no passado, onde eu era outra pessoa, que tinha outras manias, que tinha outros sonhos, que tinha alguma probabilidade de ser feliz.
Mudei para tentar ser melhor, mas apenas magoei aqueles que mais importavam para mim. Apenas consegui perceber que eu não sou mais aquela que consegue fazer seus melhores amigos felizes apenas com uma palavra.
Não vou mais me esconder atrás de pseudônimos. Este texto não é da Zöe, é meu. Do ser humano que se esconde atrás da complexa Zöe. A pessoa que sempre tentou ser feliz sem mostrar a verdadeira face. Que sempre quis agradar todos sem se importar em ser feliz.
Essa mesma pessoa agora busca a felicidade mais do que tudo. Ela acha injusto que todos possam ser felizes, mas ela não. Ela acha que ninguém tem o direito de roubar-lhe a felicidade.
Ela se chama Laise Righi. Não que ela quisesse, mas ela mudou nesse ano e se arrepende disso, mas não sabe o que fazer. Ela é apenas ela mesma, como sempre foi. Bem, pelo menos interiormente. No exterior ela deixou de ser a menina que todos amam.
Ela voltou a ser o que era. Aquela garota que escrevia apenas por escrever. E que nunca deixou um sentimento dominar o seu coração.
É tempo de mudar
.