quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Maria

            Este é só mais um daqueles dias em que tudo o que sinto é a ausência. Sentimentos, vontades, emoções. Nada.
            A inconsciência tornou-se minha melhor amiga desde que a humana que desempenhava este papel deixou-me por falsas palavras e manipuladoras pessoas. Não está certo.
            Acordo pouco depois das três da manhã todos os dias em que me lembro de Maria – o que jamais deixa de acontecer. A escuridão toma conta do meu coração e arranca, fazendo jorrar lágrimas, as palavras que eu teria dito, se ela não houvesse me trocado por um grupo de... Não importa o que eles são. As palavras simples – que mudariam tudo - que eu poderia ter dito: Maria, eu amo você.
            Mas Maria, minha melhor amiga, minha amada, trocou todo o amor de uma vida por uma noite de alegrias mundanas. Sexo, drogas, promiscuidade, álcool. Maria conseguiu, em uma noite, destruir os ideais que eu montara por anos. Ela levara consigo meus sonhos, minha vida a dois, minha solidão.
            Anos já se passaram desde que Maria me deixou e jamais visitei seu pequeno e simples túmulo. Encontrei, certa vez, entre suas roupas abandonadas, uma carta destinada a mim. Ela dizia, entre lágrimas, que me amava, mas que não me merecia e, por isso se afastaria. A carta datava de mais de um ano antes de sua fuga e morte, que aconteceu uma semana depois. A coragem lhe fugira e a carta ficara oculta entre vestidos de seda fina.
            Maria, minha doce flor, arrancada de minhas mãos leves e carinhosas por duras mãos de ferro. Tornou-se apenas mais uma a abrir mão de sua pureza a qualquer um. Mais uma a morrer, moribunda, no colo do amante de uma noite, apenas mais uma a entregar-se as “delícias” do mundo e ser assassinada por suas próprias cobiça, vaidade e luxúria.
            Peço desculpas a todos os que me tem como um amigo, ou um ente querido, mas não agüento mais. Tenho que acompanhar Maria, para que eu possa, enfim, descansar.