segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Relatos


“Zöe estava desesperada. Dependera de mim por tempo demais. Agora tudo havia mudado. Eu havia mudado e dissera que ela mudara. Eu a havia ofendido. A amizade de quase um ano estava por um fio e a culpa fora minha, mas ainda assim ela se sentia mal. Por quê?!” 


Os relatos do diário dele eram simples. Ele queria voltar a ser o meu melhor amigo, mas ainda assim... Era complicado. Matt deixara o diário em cima da mesa do meu quarto de propósito, só pode ser. Ele não seria tão descuidado. Ainda mais marcando exatamente esta pagina. Deixando-a aberta para que todos lessem. Ele era mais cuidadoso com seus segredos do que isso. Ele queria que eu lesse. Isso se tornou óbvio.
Mas ainda assim... Não há o que mudar. Eu não mudei, mas Matt insiste nisso. Ele diz que sente falta da melhor amiga dele, que a quer de volta, mas eu nunca fiquei afastada dele. A não ser por causa daquele problema... Mas não quero perdê-lo.
Não sabia que Matt mantinha um diário. Descobri quando ele o levou na minha casa no dia em que fomos conversar sobre a minha suposta mudança. Ele provavelmente escreveu aquilo apenas para voltarmos a ser amigos. Ele sabe que eu não seria capaz de ler mais nada depois que lesse aquilo, muito menos se fosse para confirmar os fatos.
Eu sentia falta de Matt. Não queria que ele soubesse que todas as noites eu ainda choro por ele e que não consigo passar nem mesmo cinco segundos sem ansiar por uma mensagem ou qualquer tipo de contato dele. Confiei plenamente na voz que dizia em minha cabeça que eu nunca o perderia.


“E desde quando você se foi, me pego pensando em nós dois.” 


Minha irmã sempre escuta uma música que tem esta letra. Ela me faz lembrar Matt. Não consigo parar de pensar na maneira estúpida como meu melhor amigo se afastou de mim.
Eu tinha que devolver o diário, então fui até a casa dele em um dia de reunião de amigos e ele me ignorou, praticamente. Eu nem mesmo parecia existir naquela sala. O videogame sempre ligado, adolescentes rindo, piadinhas rodavam a sala. Eu participava daquela loucura, mas sabia o que se passava no interior da minha mente.
A saudade que eu sentia dele. Nada mais importava. Talvez o que tenha me feito não chorar ou sair correndo tenha sido a presença do meu outro melhor amigo, Diego. Ele estava o tempo todo ao meu lado, mesmo sem saber totalmente do meu problema.
Eu não conseguia mais pensar neste problema. Não conseguia mais pensar em nada. A simples idéia de ser ignorada por alguém que é basicamente um pilar é insuportável. Dói demais.
As palavras somem da minha mente. Não consigo expressar tamanho amor e raiva e dor e saudade. Ainda bem que Diego estava o tempo todo comigo, me dando força para não desabar feito a boba melancólica que existe dentro de mim.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Mudanças... Ou regressão?

Como nos velhos tempos eu estava apenas escrevendo. Não sentia. Escrevia.
Como nos velhos tempos eu não conseguia pensar. Estava tudo escuro demais, claro demais, barulhento demais, silencioso demais, estranho. Como eu.
Apenas pensava em como tudo estava mudando em um novo ano. As amizades, os amores, a família, os sentimentos, as vontades, os encontros, a vida.
Nada mais é como era antes. O mundo mudou em apenas um dia. O que era impossível tornou-se possível outra vez. Ninguém mais sabe o que esperar da vida.
As músicas preferidas não são mais as mesmas. As roupas que tanto gostava não são tão lindas, agora. Os melhores amigos te julgam, mas aparentam não fazê-lo. São sutis como jamais foram.
Até mesmo a maneira de escrever mudou. A tão conhecida “fonte básica” não é mais usada. Os estilos não são os mesmos. Os leitores não se agradam mais.
Tudo mudou, mas na verdade apenas voltou a ser como era. A falta de amor, a falta de amigos, a falta de inspiração, a falta de gosto, a falta de vida.
Será que realmente desisti de tudo o que era precioso pra mim? Será que não consigo mais ver o que basta para ser feliz? Preciso de tudo o que não tenho, mas posso ignorar o que conquistei com tanto esforço?
As palavras saem com tanta naturalidade... Nem mesmo preciso escolhê-las ou pensar em meu objetivo. Elas apenas saem por meus dedos frouxos. Não encontro mais sentido em palavras comuns. Preciso de expressões, olhares, tons de voz.
Parece que o mundo inteiro mudou. Foi aquele minuto. Aquela decisão. Alterou todo o meu presente e meu futuro, como sempre, mas ainda assim não é o que eu quero. Não é o que eu esperava.
A vontade de escrever está sendo menor do que a necessidade. Não agüento mais esconder o que está em meu coração. Poucas pessoas sabem pelo que passo. Não vou me expressar aqui. Não vou contar a ninguém mais.
Vou tirar todo o peso e deixar tudo no passado, onde eu era outra pessoa, que tinha outras manias, que tinha outros sonhos, que tinha alguma probabilidade de ser feliz.
Mudei para tentar ser melhor, mas apenas magoei aqueles que mais importavam para mim. Apenas consegui perceber que eu não sou mais aquela que consegue fazer seus melhores amigos felizes apenas com uma palavra.
Não vou mais me esconder atrás de pseudônimos. Este texto não é da Zöe, é meu. Do ser humano que se esconde atrás da complexa Zöe. A pessoa que sempre tentou ser feliz sem mostrar a verdadeira face. Que sempre quis agradar todos sem se importar em ser feliz.
Essa mesma pessoa agora busca a felicidade mais do que tudo. Ela acha injusto que todos possam ser felizes, mas ela não. Ela acha que ninguém tem o direito de roubar-lhe a felicidade.
Ela se chama Laise Righi. Não que ela quisesse, mas ela mudou nesse ano e se arrepende disso, mas não sabe o que fazer. Ela é apenas ela mesma, como sempre foi. Bem, pelo menos interiormente. No exterior ela deixou de ser a menina que todos amam.
Ela voltou a ser o que era. Aquela garota que escrevia apenas por escrever. E que nunca deixou um sentimento dominar o seu coração.
É tempo de mudar
.