quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Kath

Quase chorei escrevendo Kath... É simplesmente uma história tocante.
Ela veio à minha mente enquanto eu pensava em coisas que poderiam me magoar.
Não quero falar muito... Apenas não é real.
Have fun 'n' cry

Kath

Zöe,
Preciso de você.
Kath.

As palavras de Kath foram simples e diretas, mas me deixaram preocupada demais. Kath nunca pediria minha ajuda se não fosse algo importante. Kath não falava comigo há dois anos, ela definitivamente não tinha motivos pra me procurar.
Katherine era minha melhor amiga desde quase sempre, mas perdemos contato quando ela mudou de escola para ficar mais tempo com Rick, o namorado dela. Achei a atitude dela mesquinha, mas mesmo assim tentei manter a amizade por quanto tempo fosse possível. Ela ignorava meus telefonemas e não respondia às minhas cartas. Era nossa tradição. Sempre trocávamos cartas, mas ela simplesmente abandonou nossa mais preciosa forma de demonstrar amizade.
Eu imaginava que Kath já tivesse esquecido de minha existência, vendo todo o tempo em que estivemos separadas. Jamais imaginaria que ela fosse pedir ajuda a mim... Provavelmente ela estava muito desesperada.
Por causa do namorado ela não só me abandonou, mas também a Matt. Nós éramos um trio. Éramos inseparáveis. Abandonou aos melhores amigos para ficar apenas com Rick. Todos da escola perderam a confiança nela imediatamente, apenas eu continuei tentando fazer com que ela voltasse.
Na minha agenda da oitava série ainda estava o número dela e de tantos outros ex-colegas... Eu não sabia de cor, como o de Matt, mas jamais havia esquecido os últimos dígitos... 1307. O aniversário dela. Treze de julho.
Tentei ligar para ela, mas o número havia sido cancelado. O celular também não atendia. Soube que ela havia se mudado, mas nunca me disseram para onde.
Não houve nenhum modo de encontrar a Kath. Guardei o bilhete em meu quadro de fotos e deixei lá, para o caso de ela me procurar de novo.
Passaram-se meses. Kath não mandou outro recado; não telefonou.
Quando estava olhando minha correspondência encontrei o já tão conhecido envelope azul. A caligrafia era cuidadosamente desenhada, deixando claro que muito tempo fora gasto até chegar àquele nível de perfeição. Não havia remetente. No envelope havia apenas o meu nome, mas eu sabia exatamente quem a enviara. Katherine.
Abri a carta ali mesmo, no hall do prédio.

Zöe,

Imagino o quanto lhe preocupei enviando apenas o pequeno bilhete sem nenhuma explicação.
Vou lhe explicar a razão por ter procurado você depois de... dois anos, certo?
Acontece que o Rick terminou comigo no dia do meu aniversário. Eu fiquei sem chão; não sabia o que fazer ou mesmo quem procurar. Eu havia abandonado todos os meus amigos para apenas viver em função dele. Havia saído de casa para morar no apartamento dele. Não terminei a escola. Não terminei meus cursos. Comecei a trabalhar, mas fui demitida logo que recebi meu primeiro salário; encontraram alguém mais qualificado.
Eu fiquei sem chão, não tinha como imaginar o que aconteceria comigo depois daquele instante. Voltei para casa e minha mãe me recebeu de uma forma dura. Eu sabia que isso aconteceria, mas não havia nenhuma esperança de que eu pudesse voltar para o apartamento do Rick.
Fiquei em meu quarto durante dias, saindo apenas para comer. Não atendia aos insistentes telefonemas dos meus amigos. Minha mãe havia contado a alguns que eu tinha voltado para casa, mas eu não tinha mais o seu telefone, então ela não te ligou.
Depois de mais ou menos duas ou três semanas – eu desisti de contar o tempo – parei de comer. Não aguentava mais viver sem o Rick.. Eu não queria aceitar o fato de que eu estava grávida. Não queria contar a ninguém. Sabia que ninguém entenderia e muito menos minha própria família. Foi assim que descobri o que eu queria fazer e quem eu queria procurar.
Saí no meio da noite e fui de táxi até o seu prédio, deixei o bilhete e saí. Voltei para meu esconderijo escuro e não saí mais de lá.
Desculpe se te preocupei... Deixei seu endereço anotado em uma folha de papel e um bilhete para minha mãe pedindo para que ela entregasse a você.
Não pude viver sem ele.
Me desculpe, Zöe... Fiz tudo o que você me disse para não fazer e tudo o que eu provoquei foi tristeza e preocupação.
Só queria te avisar que não estarei viva quando você ler isso. Os meus analgésicos acabaram a menos de três minutos. Logo terão o efeito desejado. Minha morte. E a do meu filho.
Você é especial para mim, Zöe.

E Matt também, mas não tive coragem de procurá-lo.

Desculpe, mais uma vez.

Kath

Eu estava chorando quando acabei de ler a carta. Minha amiga. Katherine. Ela não havia sobrevivido à depressão.
Queria visitá-la, mas não sabia onde seu corpo estava. Guardei a carta com muito cuidado entre meus textos mais importantes e tranquei novamente a gaveta secreta que um de meus muitos antigos amigos havia construído para mim.
Corri para meu apartamento e tranquei-me em meu quarto.
Chorei até que as lágrimas deram uma estiada, liguei para Matt e contei a ele a triste história de nossa melhor amiga. Ele chorou comigo.
Voltei minha atenção para meu presente e tentei aprender uma lição com a história de Kath. Eu jamais mudaria minha vida por causa de um garoto, ou de uma amizade. E jamais abandonaria minhas amizades pelos mesmos motivos.
Eu decidi, naquele momento, que minha vida teria razões mais importantes que as razões de Kath... Derramei minha última lágrima por minha melhor amiga e comecei a escrever para tentar me acalmar.
A ultima coisa que eu diria à Kath se pudesse seria que ela havia sido muito estúpida, mas uma coisa estaria sempre pairando por minha mente. A frase que eu mais gostaria de ter dito nos últimos momentos dela:

Eu amo você, Kath.

Retificando




Fiz, a pouco tempo, uma crítica ao livro The Host, de Stephenie Meyer. Sinceramente o livro é bem cansativo, não retiro isso em nenhum momento, mas começa a ficar um pouco interessante a partir da pagina 300, eu acho.
Ainda não acabei de ler, mas espero que fique melhor. Estou voltando a criar expectativas com relação a SM, mas não imagino que ela possa lançar outro livro que agrade do inicio ao fim.
Os romances impossíveis com seres de raças diferentes devem desaparecer dos livros dela, porque ela só fala disso! Fora a ameaça constante de morte... Bella, em crepúsculo, passava o tempo inteiro sabendo que poderia morrer a qualquer instante, e varias vezes ela chega perto. Melanie e Peregrina passam pelo mesmo dilema. Se isso continuar (ameaças de morte + triângulos amorosos impossíveis com seres diferentes) eu juro que abandono os livros da SM.
Mas enfim, The Host está melhorando aos poucos. As escolhas que SM fez para o meio do livro estão mais sensatas que no inicio. Talvez eu esteja gostando porque envolve mais sangue, mas não se ao certo.
Retiro minha crítica totalmente negativa à The Host e aceito o fato de que eu ainda tenho esperanças de que este livro vai ser mais interessante a partir da 400ª página.


Laise Righi

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Matt

Momento: aula de química, conversando com meu marido melhor amigo, Pedro. [/Histórias, histórias;
Motivação: conversas recentes.
Texto não real e nem baseado em fatos, por favor, não me perguntem se é real!


Mas então, depois de toda essa explicação sobre o texto vamos aos fatos.
Eu tava tipo, meeeega mal no domingo e o Pedro me ajudou a pensar, aí eu tive um lapso criativo hoje e escrevi [/uhul o/
Mas então, eu não sei mais o que escrever aqui.
Beijos, e divirtam-se,
Laa Righi


Matt



O tédio havia tomado meu corpo e minha mente. A insanidade estava próxima, eu podia sentir que chegaria logo. A exaustão não me deixaria lúcida por muito tempo.
A casa estava barulhenta; havia muitas pessoas na sala de estar conversando com minha mãe. Elas estavam lá para me ver e eu havia me trancado para apenas pensar. Mesmo assim era impossível ficar parada em meu quarto, apenas observando a minha vida parada. Eu precisava sair de casa e descobrir quem eu era, o que eu queria fazer e o que eu sonhava. Parecia impossível sequer pensar dentro daquele quarto claro demais.
O clima está repulsivo, pensei, mas mesmo assim preciso sair.
Desliguei o ar condicionado e o ventilador e saí para o calor exorbitante de primavera no Rio de Janeiro. Em menos de dois minutos eu já podia sentir as pequenas gotas de suor que escorriam sem pressa pelo meu rosto e por minhas costas.
Eu andava cambaleante em meio aos pedestres que estavam a minha volta. Lentamente dirigi-me, sem perceber, em direção à rua movimentada.
Apenas quando um carro avançou perigosamente em minha direção foi que percebi exatamente onde estava... A praia. Eu sempre ia para lá quando estava triste ou pensativa, mas desta vez estava cheia demais. Havia muitos espectadores para um possível show dramático, eu sabia que não poderia parar ali.
Imaginei outros lugares onde eu teria paz para pensar apenas; sem companhia, apenas eu e minha mente... Infelizmente esse lugar não existe – minha consciência sempre me contava que ele não existia no mundo que ficava do lado de fora de minha casa. Eu sabia que o único lugar onde estaria completamente sozinha era o meu quarto, mas era o último lugar em que eu gostaria de estar naquele dia. Eu simplesmente desejava estar longe.
Setembro era um mês aterrorizante pra mim... Além daquele calor exagerado que quase chegava aos 40º diariamente eu ainda tinha que participar de uma festa de aniversário que eu nunca pedira para ir e ainda parecer feliz.
Muitas pessoas olhavam para mim quando passavam com seus cães ou simplesmente mudavam a direção do olhar, passando por mim rapidamente. Tinha de ser minha roupa, uma vez que eu não passava de uma adolescente comum: olhos escuros, cabelos lisos presos, nem gorda e nem magra, sem um corpo excepcional, apenas normal. Como eu estava vestida? Era sábado, portanto não me incomodei com escolha de roupa, uma vez que não iria à rua, e eu tinha saído de minha casa no meio daquela “festa” repulsiva, mas não tinha reparado na roupa que eu vestia...
Oh não! Eu estava com uma saia colorida que caía com pequenas camadas até meus pés e uma camiseta branca com um lírio azul bordado. Simplesmente não era o meu estilo e nem mesmo o tipo de roupa ideal para uma caminhada na praia. Aquela roupa chamava muita atenção, sem dúvidas, tinha que ser aquilo.
Caminhei até algumas ruas à frente e lembrei-me de que um dos meus poucos amigos morava lá. Era bom ter amigos. Eu não tinha noção do que significava essa palavra, amigo, até pouco tempo atrás.
Mateus morava a alguns metros da praia, naquele prédio que eu já conhecia tão bem. O porteiro nem mesmo perguntou pra onde eu iria, somente abriu o portão e interfonou diretamente para o 602 e sorriu ao dizer calmamente: Pode subir, ele está te esperando lá em cima.
O elevador estava no quarto andar, então tive que aguardar até que chegasse ao térreo. Olhei para o espelho e assustei-me com a visão perturbadora. A menina que estava lá parecia uma princesa, de tão delicada. Estava frágil, com a maquiagem azul turquesa levemente borrada por causa das lágrimas sutis que haviam escorrido por seu rosto, o cabelo nem preso e nem solto estava um pouco desgrenhado, mas nada que não pudesse ter sido feito propositalmente. A roupa dela ainda estava perfeitamente alinhada a seu corpo. Eu me sentiria bem se me visse andando daquela forma. Aquela roupa me faria me sentir bem. Desejei que sentimentos fossem como roupas.
Ouvi o leve ruído das portas do elevador antigo e rapidamente parei de analisar a menina no espelho. Ao atravessar a porta lembrei-me que havia outro espelho. Agora a menina me olhava mais de perto... Ela estava a menos de um passo de mim e eu pude analisar sua expressão. Estava melancólica, parecia ferida e pronta para chorar novamente, mas se forçava a manter a postura de garota forte. Mesmo assim não conseguia esconder totalmente o choro. As pequenas lágrimas escorriam devagar por seu rosto. Senti um gosto salgado quando uma das lágrimas alcançou o canto dos lábios dela.
Limpei meu rosto e virei-me para a porta. Eu não aguentaria ver a menina chorando. Eu sabia que a menina era eu, mas não queria acreditar. Fechei os olhos.
A porta abriu novamente e eu ouvi o ruído baixo. Não precisei ao menos empurrar a pesada porta. Mateus o fez e me abraçou ali mesmo. Ele sabia que eu precisava de apoio, mas mesmo assim não fez nenhuma pergunta; não disse sequer uma palavra.
Matt me levou até a casa dele e sentou-se no sofá. Aninhei-me em seu colo. Eu não precisei explicar, apenas chorei. Eu tinha todos os meus dilemas e não queria falar deles, mas Matt conhecia todos ainda mais do que eu.
- Matt... Me ajuda... Por favor...
Ele não disse nada. Meu telefone tocava sem parar desde pouco depois de eu ter saído de casa. Era minha mãe, eu sabia, mas não queria falar com ela. Matt atendeu e disse que eu estava lá e que depois me levaria para casa quando eu melhorasse. Minha mãe conhecia Matt, não tinha razões para desconfiar dele, mas ainda assim ela ficou preocupada e pediu pra falar comigo. Desliguei o telefone assim que toquei nele.
Não precisei explicar o porquê da minha reação.
Matt sabia que era meu aniversário, mas não me desejou os parabéns. Eu não ligava para aquelas baboseiras e odiava festas e atenção. Apenas entregou meu presente: um CD de uma de suas bandas preferidas. Eu queria aquele CD, queria conhecer mais dele, do meu melhor amigo...
Chorei no ombro dele e fui reconfortada, até que ele se levantou. Voltou com um removedor de maquiagem, provavelmente da mãe dele, e disse:
- Usa isso, você tá horrenda!
Eu ri e fui até o banheiro. Eu realmente estava horrível. Gargalhei vendo aquela menina frágil de outra hora, aquela menina que parecia uma princesinha e que agora estava com o rosto completamente manchado de azul. Droga de lápis permeável.
Mateus me levou para casa e ficou lá até o final da minha festa. Quase todos já tinham ido embora, portanto eu consegui ficar um pouco do lado de fora do meu quarto.
Aquele dia tinha começado de uma forma tão repulsiva que eu não tinha sequer acreditado que alguma coisa poderia dar certo, mas Matt sempre fazia isso. Matt sempre me fazia feliz.
A prova disso estava escrita em vermelho na minha parede verde:


O Matt é o melhor amigo da Zöe,
e sempre vai ser.


Obs.: Chorei escrevendo.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Criticando...


Ooh não creio que aconteceu de novo! Bug maldito! Apagou o post 2 vezes!
Cheguei as 8 na escola, sendo que a aula começava 7:20, aí resolvi aproveitar meu tempo inútil pra escrever um pouco. Fiquei sem ideia pra contos/poemas/crônicas então resolvi falar sobre livros (:
Então, né...? Tem duas autoras e um livro que eu queria indicar. Muito pouco se for comparar com minha lista de lidos/desejados. Enfim, vambora...


- Stephenie Meyer
Reconhecida pela Saga Twilight que achei clichê, falsa e sem base, mas divertida. O amor entre uma garota comum de 17 anos desajeitada e um garoto vampiro de mais de um século de vida, totalmente perfeito e que brilha no sol - bah! -, eles se apaixonam praticamente à primeira vista e todo mundo sabe que começa um triângulo amoroso com um lobisomem e depois o vampiro acaba transformando Bella Swan em vampira e vivendo feliz pra sempre com ela. Claro que tem milhões de intrigas em 4 livros, mas mesmo assim todo mundo sabe o final do 4º livro lendo apenas o primeiro.
Mas então... Com todo o sucesso que a saga Twilight teve era esperado que The Host - ou A Hospedeira, odeio traduções - fosse, tipo, o livro do século! Como sempre, as espectativas dos leitores jovens foram frustradas com um livro cansativo e paranóico.
The Host fala sobre o fim da humanidade e invasões alienígenas! Quanta viagem!
Mas então, recomendo a saga Twilight e não recomendo The Host, a não ser que você goste de triângulos amorosos com dois corpos: uma alma alienígena, uma alma humana e um humano. Viagem totaaaaaal!


- Meg Cabot
Reconhecida pela série que deu origem ao filme O Diário da princesa, Meg é uma das minhas escritoras preferidas pelo fato de ela não se prender a um estilo de literatura e explorar tanto o real quanto o surreal. A série The Mediator - A Mediadora, pelamord'deus! - é tipo... perfeita! São 6 livros, só 6!
Jesse é o cara! E Suzannah Simon é a típica garota nova yorkina que se muda pra California e não sabe exatamente nada sobre praia e tudo mais que tem perto do oceano e longe da poluída Nova York. O detalhe mais interessante é que Suze vê e fala com fantasmas. Esse na verdade é o trabalho dela: ajudar os fantasmas a ir para o outro lado - seja ele onde for.
Não tenho pontos negativos sobre Meg... Ainda não conheço livros dela o suficiente para dizer o que é ruim ou não.


O outro livro é A Cabana. Sempre esqueço o nome do autor, mas acho que é William P. Young. A história jamais sai da minha mente de tão linda que é. É linda e triste, mas é uma verdadeira aula de religião.
Mostra que nós devemos ser tementes a Deus não importa o que aconteça em nossas vidas. Nada pode ser pior do que o que aconteceu ao protagonista...
Chorei muito lendo... Desde o inicio até o fim a história foi marcada com lágrimas minhas e de todas as pessoas que leram, sem duvidas.


Mas então, esses são alguns dos livros em que eu tenho lido ou então que marcaram minha vida ao ponto de eu jamais esquecer um detalhe sequer.
Enjoy
(:

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Sonho

Boa noiteee,
Esse post deu bastante trabalho... Comecei a escrever na segunda a tarde e acabei na quarta de manhã!
Anna'Lu não me deixou terminar de escrever durante as várias aulas "vagas" que eu tive nesses dias.
Enfim, o post retrata a realidade e nada além dela.
Beijos,
Laa Righi


Sonho



Abri os olhos e lá estava a visão mais perfeita: dormindo a menos de um palmo de distância estava aquele que me fazia feliz; o anjo que havia mudado meus planos e transformado minha vida de uma forma maravilhosa.
Havia a constante tentação de acariciar a pele clara, mas o medo de que o anjo desaparecesse ao menor toque suprimia a vontade de sentir a pele sob meus dedos.
O observei dormindo tranquilamente, envolto em uma aura apaziguadora e acariciei o ar em volta do rosto dele. Permaneci daquela forma por tanto tempo que meu braço de apoio ficou dormente. Devagar acomodei-me em meus cobertores. Estava frio demais para uma manhã de verão, mas era assim mesmo no Sul. Era esperado que fosse assim.
Os macios travesseiros tomaram a forma de minha cabeça imediatamente após tocá-los. Meus cabelos pareciam finas linhas negras em meio à perfeição alva dos lençóis. Comecei a analisar o ambiente.
O quarto era grande e luxuoso. As paredes eram brancas, com excessão da que ficava atrás da cama queen-size, que tinha uma tonalidade próxima ao vermelho. O sofá de dois lugares combinava com a parede vermelha fazendo um contraste forte com os armários e estantes brancos.
Tornei a olhar para o anjo. Ainda dormia, mas não tão tranquilamente quanto antes. Estremeci ao pensar que meu movimento o havia retirado daquela calma tão perfeita que já me havia feito ofegar milhões de 
vezes.
Girei o corpo para analisar novamente o queixo firme, os lábios e nariz finos, os olhos dourados que estavam fixados em meus olhos escuros...
Um grito sufocado escapou de minha garganta seca. Eu realmente o havia acordado. Escondi meu rosto ruborizado com os lençóis brancos e fechei os olhos com toda a força.
Quando os abri lá estava eu deitada em minha cama. Meu quarto verde, o lustre de sapos, o tapete verde e os móveis de madeira clara me fizeram suspirar. Fora apenas um sonho, pensei.
Benny estava lá, deitado a meu lado. Tirei o urso do meu lado e o abracei. Senti seu cheiro e lembrei-me de cada detalhe daquele sonho perfeito que eu tivera naquela noite quente de primavera.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Carta de um apaixonado IV

Simplesmente veio à minha mente. Tive vontade de escrever algo que relatasse o que realmente sentia; o que realmente estava escondido em meio à todos os meus sentimentos confusos.
Segue agora a 4ª carta de amor. A terceira carta de uma apaixonada.


Carta de uma apaixonada III


Amor,

Toda a noite está presente a dor em minha garganta. Aquela ardência que permanece me maltratando até que eu possa sentir seu cheiro; o cheiro de seu sangue quente correndo acelerado sob sua pele macia.
A dor não me deixa dormir. Ela me deixa a noite inteira imaginando os momentos em que você é só meu; os momentos em que estamos somente eu e você, abraçados, pensando em mais nada além do nosso presente.
Aquela ardência quase insuportável que só a sua presença consegue afastar de mim não me deixa viver bem. Ela tira minha concentração nos instantes decisivos, dando à minha mente uma esplendida seqüência de imagens: nós dois juntos em todos os nossos momentos, tristes e felizes.
Me vejo ofegando todas as vezes em que isso acontece. Não tenho o menor controle sobre minha própria mente. Ela é controlada apenas por você. Tudo faz com que eu me lembre de você.
A ardência em minha garganta durante todas as noites em que você está ausente, o arrepiar de todos os pelos do meu corpo à mais simples menção ao seu nome, a imensa dor que sinto em meu coração quando sou forçada a te esquecer por um segundo sequer...
Oh! A dor no coração... Não sei como ele ainda não foi dilacerado em meu peito de tanto que o senti sendo comprimido por minhas lembranças; sempre doendo, sendo perfurado por uma ponta invisível e imprensado contra meus ossos, como se empurrado... Não entendo como ainda sobrevivo ou sequer como ainda tenho um coração.
Talvez ele pertença a você. Assim como minha voz, impossibilitada de sair pela minha ardência na garganta. Asim como minhas reações. Assim como meus sentimentos.
Nem sequer imagino mais minha vida sem seu rosto alegre que me deixa contente, ou seu rosto triste que sempre me deixa excessivamente preocupada.
As lágrimas me forçam a parar de escrever. Nada mais vejo além de borrões negros seguindo um padrão em meio à folha branca. Limpo meus olhos e me forço a pelo menos mais uma linha. Talvez a mais importante. É simplesmente uma resposta a uma pergunta que me foi feita há certo tempo atrás...
- Sim. Aceito viver para sempre ao seu lado.

Eu sempre te amarei,
Beijos,
Escritora de Gaveta.