quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Carta a Você

Aula de artes.
Filme: Central do Brasil.
Vontade de assistir: zero.
Resolvi escrever e comecei a pensar em alguma história um pouco triste. Tem se tornado meu ponto principal, a tristeza.
Me peguei chorando com uma simples ideia de uma carta a um amigo distante. Juntei cada pedaço de minha criatividade e comecei a escrever. Me emocionei a cada instante com a história de Zoë, minha personagem principal.
Pensei seriamente em começar a colocar a Zoë como protagonista de minhas histórias a partir de agora. Acho magnífico quando leio vários contos aleatórios com o mesmo personagem; pode-se criar uma história gigantesca com esses contos.
Mas, chega de papos aleatórios.
Escrevi tudo o que eu teria escrito se eu fosse a Zoë. Eu teria chorado muito mesmo. Mas o que importa é que eu consegui escrever a história. Comecei no meio da aula de artes e terminei no meio da aula de Inglês.
.
Destinada a você
.
Não faz muito tempo abri aquela gaveta secreta que você havia construído para mim para que eu guardasse os meus poemas, minhas poesias, minhas crônicas e as cartas que, como você sempre soube, nunca seria capaz de mostrar a alguém que não fosse você.
Tenho que te agradecer pelo que fez a mim. Me ensinou o que era uma amizade de verdade e o que era amor; me ensinou a colocar meus sentimentos em palavras; me mostrou que minha verdadeira vocação estava na literatura: “Zoë, você nasceu pra escrever. Não tente fazer nenhuma outra coisa. Eu ainda vou ler muitos livros seus!”.
Você sempre realizou todos os meus desejos, mesmo que não fosse a sua real vontade, como quando construiu a gaveta secreta para que eu escondesse meus textos, mesmo sendo sua vontade que eles fossem transformados em um belo livro.
Em minha gaveta encontrei todas as cartas para meus amores platônicos; todos os contos sobre o cotidiano; todos os vários tipos de textos sobre amizade, onde você quase sempre era o protagonista. Achei estranho que não houvesse nenhuma carta ou conto sobre sua mudança. Foi então que lembrei que o destino destes havia sido diferente, o lixo, pois nenhum fazia justiça aos meus sentimentos.
Senti algo salgado em minha boca e me vi chorando. Eu sentia sua falta. Mesmo depois de anos ainda sinto como se fosse só ir à escola para poder te ver. Meus dedos discam automaticamente o seu antigo número; aquela velhinha que sempre atende já reconhece minha voz. Ainda não consegui acostumar-me com o que você chama de evolução.
Mas e todas as promessas quebradas? Todas as mentiras? E os falsos telefonemas adiando o momento de me contar sobre sua mudança? Isso também é considerado evolução para você?
Você sabe muito bem que se estivesse à minha frente eu estaria gritando em meio aos intensos soluços que quase fecham minha garganta quando choro. E sei que não demoraria muito até que você me consolasse.
Tenho certeza de que você sabe que, por mim, todas as promessas ainda são válidas e que todas as palavras que um dia lhe disse são verdadeiras.
Não me arrependo de nada, a não ser de minha constante ausência, imersa em minhas fantasias e meus problemas. Cada vez abro a gaveta secreta com menos frequência, uma vez que minha inspiração se foi.
Te agradeço por ter me ajudado por toda minha vida e só te peço perdão por ter lançado a culpa toda em seus ombros já sobrecarregados.
Gostaria que soubesse que ainda uso o apelido que me deu quando construiu a gaveta secreta em seu quarto enquanto eu olhava, admirada.


E, mais uma vez, obrigado.
Zoë, Escritora de Gaveta.

2 comentários:

Anna'Lu disse...

Eu sou a mais especial...
Eu fui a primeira a ler...
Obrigado por confiar em mim pra ler seus textos
Te amo amiiga

Anônimo disse...

Amei muito show ♥