quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O Anel

Uau, a inspiração veio do nada. Simplesmente comecei a escrever e aí está, O Anel.
Espero continuar escrevendo bastante.. Quero/Meu pai quer lançar um livro com meus contos.
Mas, falando desse conto...
1. O início dele foi baseado em fatos, mas com o decorrer da história virou ficção.
2. Não era pra ser uma história de amor e nem nada parecido, mas isso tem virado uma característica nas minhas histórias... Começar como algo normal e acabar como amor.
Bem, só isso, chega de papo.
Beijos,


O Anel


Olhei para minhas mãos trêmulas.
Os nós dos dedos estavam quase completamente brancos, dada a força que eu exercia neles.
Minhas veias se destacavam em um estranho tom de verde sob a pele morena. Meu anel de topázio havia girado em meu dedo fino e dava a impressão de que minha palma estava sendo perfurada.
Ouvi alguém dizendo para que eu respirasse fundo. Talvez acalmasse.
Respirei fundo.
Respirei.
Respirei e fechei os olhos.
Prendi a respiração.
Não havia adiantado. Eu ainda estava completamente estressada. Meu anel ainda me machucava, minhas unhas estavam começando a abrir feridas em minhas mãos tremulas. Meu sangue ainda pulsava loucamente por minhas veias semi-expostas e começava a escorrer pelos meus dedos.
Abri os olhos e vi que ela ainda me observava como se esperasse uma resposta negativa a sua pergunta completamente retórica. “Você o amava muito, né?”, como alguém tinha coragem de me perguntar tal... tal... tal idiotice?!
Por menos que eu quisesse admitir para mim mesma minha derrota, a prova de que a marca ainda não havia cicatrizado estava me deixando uma nova marca agora: meu anel de topázio.
Não consegui retirar o anel de noivado que ele havia me dado apenas algumas semanas antes com medo de que sua memória se perdesse em meio à minha mente nebulosa. Não queria admitir que ainda chorava todas as noites; que sentia tanto a falta dele que talvez fosse melhor seguir o mesmo caminho, talvez nós nos encontrássemos. Talvez não.
Senti o calor do meu próprio sangue em minhas pernas e afrouxei um pouco o aperto. Samantha, minha melhor amiga, continuava me olhando, como se eu fosse algum tipo de assombração.
Alguém me entregou uma toalha úmida – que rejeitei imediatamente –, mas mesmo assim, limpou minhas pernas e tentou, inutilmente, abrir meus punhos cerrados.
Comecei a contar para acalmar. Ele sempre fazia isso. Um, dois, três... cinquenta e cinco, cinquenta e seis... novecentos e trinta e dois, novecentos e trinta e três... Perdi a paciência. Samantha tinha se sentado ao meu lado.
- Sam – ela se virou e me olhou com curiosidade -, quem são essas pessoas? O que estão fazendo aqui?
- É a família dele. Eles não queriam desapontá-lo agora.
Grande coisa, pensei. Abandonaram o meu Thomas durante quase toda a vida e agora, depois da sua morte, vieram chorar por ele. Eu havia praticamente sido criada junto com ele - conhecia toda sua história - e a família nunca estava presente em bons momentos. Mas mesmo assim eu não podia expulsar todos do cemitério. Thomas ficaria triste.
Olhei para onde estava seu corpo desfigurado e sem vida. O caixão havia sido lacrado... Imaginei como era agora o seu rosto, antes lindo, para que nem mesmo me deixassem vê-lo uma última vez.
Analisei cada rosto à minha volta. Apenas conhecia dois ou três, mas ainda assim não tinha nenhuma intimidade. Poucos deles demonstravam uma dor mínima. Virei para Sam e analisei o seu rosto e vi que brilhava. Lágrimas, imaginei. Eu já havia perdido a habilidade de chorar a muito tempo. Desde que recebera a notícia da morte.
- Sam... – Não terminei a frase. Não era necessário. Ela se levantou e me abraçou. Logo que me soltou tirei o meu anel e observei calmamente o topázio azul cuidadosamente lapidado. Eu adorava azul.
Tirei o colar com o pequeno pingente em forma de T com um diamante minúsculo na parte inferior e coloquei o anel nele. Novamente pus o colar e abracei novamente Sam. Thomas se fora, mas ela ficara comigo e eu não havia percebido o quanto estava presente desde o acidente.
Dei-lhe um beijo no rosto e comecei a andar, levando-a comigo, para fora daquele mundo de falsidade, de desespero e de dor. Não para esquecer de Thomas, mas para fazer com que a passagem dele por minha vida tivesse deixado uma boa lembrança, uma boa cunhada, uma melhor amiga.

Um comentário:

Anna'Lu disse...

Caraa ameii muuuito, só não entendi muiito mas okeey