Mais uma semana no spa Maria Bonita... Comida natural, exercícios físicos, comida viva... Vida saudável.
Um grupo de 13 adolescentes estava indo até bem, porém o estoque de comida industrializada estava chegando ao fim e ainda nem era quarta feira. Os planos da "máfia" adolescente começaram a aparecer. Como fariam para conseguir mais comida? Não havia pais ou outros adultos dispostos que pudessem comprar algo para nós fora do spa, como fora feito no ano anterior.
O melhor plano fora denominado "A Fuga".
Na quarta feira a tarde, durante o horário livre, enquanto alguns jogavam bola, video game ou faziam massagem, três veteranos caminharam calmamente pelo spa até uma abertura no arame farpado da cerca do spa. Passaram por baixo e começaram a correr loucamente. A adrenalina chegara a mil em apenas um segundo. Os três diminuíram o passo após algum tempo, quando não podiam mais ser vistos. A estrada de terra estava deserta e, após uma caminhada constante, o Zé olhou para trás e parou e disse:
- Três cavalos. Somos três. É o destino!
- Claro que não, ow. A gente não pode pegar os cavalos - disse Laa. - Eles tem dono.
- E não estão selados - era o Ademir. - Não dá pra andar assim.
Desistiram dos cavalos e continuaram a caminhada. Chegando à estrada havia uma bifurcação. Perguntaram a uma senhora que passava pela rua no momento e descobriram o caminho certo (na verdade qualquer um daria certo) e começaram a subir a rua de terra até a estrada.
- Pra que lado é agora? - Ademir perguntou.
- Para a esquerda - disse o Zé.
- Acho que é pra direita... - Laise disse, com certa dúvida.
Era para a direita. Quase que os três erraram o caminho. Seria um incômodo acabar no portão do spa por engano. A tia da loja os atendeu brincando. Comentou sobre a dieta rigorosa do spa e os ajudou a guardar as compras (alguns biscoitos, sucos e doces). Os três resolveram comprar picolés, portanto os tomaram na lojinha. Pouco antes de sair cada um dos meninos comprou um guaravita e agradeceram à tia.
Atravessaram a estrada com os casacos estufados e, pouco depois de começar a descer a rua para retornar ao spa escutaram uma buzina. Zé falou:
- Deve ser alguém do spa. Vamos logo, ignora.
O carro parou e a voz tão odiosa foi ouvida.
- Querem uma carona?
Era a nutricionista! Os três analisaram o carro devagar. A filha mais nova estava no banco traseiro, sem expressão; a filha mais velha (famosa x9) estava no banco da frente, com um sorriso sarcástico na face e, atrás dela estava Jaqueline, a nutricionista do spa. Três pensamentos correram as cabeças dos adolescentes:
Zé: Esconde o guaravita!
Laa: Logo ela!
Ademir: Ah, fudeu!
O momento de pânico tirou a voz de todos. O primeiro a falar foi o Zé:
- Precisa não. A gente está fazendo uma caminhada.
O carro arrancou e ainda foi possível ver o sorriso sarcástico no rosto das duas nos bancos da frente. Os três começaram a correr, os M&M's começaram a cair no bolso do casaco do Zé e os biscoitos a cairem do casaco da Laa (que por acaso era do Zé). Depois de um tempo de corrida e de todos estarem ofegantes entraram em um acordo. Não correriam mais, esconderiam as compras assim que entrassem no spa e começariam a acreditar em destino (lembrando: os cavalos).
Chegaram e procuraram um local para esconder. Havia uma casa ao lado da cerca. Os três deram a volta na casa e Laa encontrou o esconderijo perfeito: pulando a valinha havia um coqueiro, o saco foi colocado lá e coberto com folhas secas (elas tinham espinhos). Os três voltaram devagar para os chalés para não levantar suspeitas sobre onde era o esconderijo.
Ao chegar ao chalé os três contaram o ocorrido a um grupo pequeno e resolveram buscar as compras antes de anoitecer. A Laa falou que iria, mas não sozinha, então a Luh foi junto com ela e, para não levantar suspeitas, deram a volta por todo o spa, indo depois para a casa ao lado da cerca.
No caminho o porteiro começou a gritar. Falava coisas sobre não sair do spa, ou algo assim. As meninas o ignoraram por um tempo, mas depois a Laa gritou:
- A gente só tá andando!
Voltaram a caminhar, chegaram à árvore e destaparam as compras, esconderam-nas nos casacos e voltaram a andar. O porteiro não as viu voltar, mas todos as viram nos chalés, então não houveram suspeitas. Os doces foram distribuídos, as histórias contadas. Apenas duas pessoas estavam sendo procuradas, não perceberam que o Ademir também fugira, o que foi bom para a reputação dele. O Zé ganhou o apelido de "fujão" no diploma da formatura do spa. E a história será lembrada por todos os 13 adolescentes que estavam no spa Maria Bonita no mês de janeiro de 2010.