Eu poderia simplesmente escrever que é apenas mais um conto, mas preferi especificar que envolve religião.
Gostaria que todos que lêem meus textos constantemente também leiam este, pois é exatamente o que está no meu coração.
Só gostaria de falar isso. O post já diz tudo o que eu pretendia, não deixando a desejar.
Pensem nele. Reflitam.
Boa noite (:
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Asas
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Olhei para o céu e percebi nele a chance de ser feliz; de viver por toda a eternidade sem medos; observando e aprendendo com os erros dos outros; talvez até mesmo encontrando a perfeição.
Tentei subir, mas percebi que meus pés estavam pesados demais.
Desci meu olhar e vi que estava afundando em areia movediça. Cada decisão errada que eu tomava apenas me aprisionava mais e mais na areia.
O desespero tingiu tudo à minha volta.
Gritei por ajuda, mas nenhum dos humanos a meu lado sequer conseguia se mover; também estavam presos ali e já haviam se contentado em serem sugados pela areia; pelo mundo.
Continuei gritando. Eu não queria aquilo! Não merecia aquilo!
Me vi olhando para o céu, envolta em um manto de dor e desespero, gritando com todas as minhas forças. Clamei por ajuda, por perdão, por liberdade. Nada aconteceu.
Percebi que tal manto desesperador estava limitando minhas preces. Eu não deveria esperar que, apenas no momento em que eu precisasse, o Pai me ajudaria. Eu tinha que enfrentar meus desafios com a cabeça erguida. Acreditar com todo o meu ser em tudo o que haviam me dito durante toda a minha vida e eu praticamente ignorara durante tanto tempo.
Não deveria me rebaixar e me conformar com a situação. Eu não pertencia àquele lugar sujo.
Senti que algo em mim implorava por asas, como as dos anjos que estavam ao redor daquela areia movediça. Eu acabara de percebê-los.
Alguns anjos estavam sentados, observando os homens perdidos, e pareciam sentir compaixão. Outros voavam graciosamente em direção ao céu que eu tanto ansiava por tocar.
Chorei. Chorei e clamei com todo o meu ser pelo perdão do Pai. Minhas lágrimas mancharam meu rosto e escorreram até meu queixo, pingando à minha frente.
Algo se moveu em minhas costas.
Voltei a clamar por perdão, por liberdade, mas dessa vez desejando ter aquelas asas. O presente do Pai aos que foram escolhidos para ficar para sempre ao Seu lado.
Adormeci.
Não sei bem por quanto tempo fiquei dormindo. Pareceram-me apenas minutos, mas quase tudo havia mudado. As pessoas à minha volta agora eram diferentes. Alguns anjos continuavam lá, sentados, observando, mas não consegui encontrar os que estavam voando antes. Fechei os olhos e tentei dormir de novo.
O que senti depois foi algo diferente... Alguém puxava minha mão, resgatando-me da areia movediça que já havia consumido quase todo o meu corpo. Abri os olhos e vi uma luz forte e branca. À volta da luz havia vários anjos e um homem. Ele parecia andar sobre a areia como se fosse pedra. Aquilo me lembrou de quando Jesus caminhou sobre a água...
Os anjos me levaram até a mais alta das montanhas e o Homem tocou levemente minhas costas com suas mãos. Senti que parecia furada, como se alguém tivesse perfurado as mãos suaves do Homem.
As asas que apareceram em torno de mim trouxeram-me uma sensação de alívio tão grande que nem tive palavras para expressar. Apenas chorei e beijei a mão direita daquele Homem.
- Obrigado, Senhor – sussurrei. Sabia que ele havia escutado.
Quando a luz começou a subir, seguida pelo cortejo de anjos, pulei da montanha como se fosse algo natural e voei. Finalmente voei em direção ao tão esperado céu. Voei em direção à graça do meu Senhor.