Estranho como não sinto falta de minha terra, minha vida, minha família, minhas coisas. Sinto como se tivesse morrido e renascido, sendo reeducada com uma nova cultura e novos costumes, aprendendo tudo de novo, desde o princípio, como um bebê recém-nascido.
Estranho como falar sobre minha casa não me deixa triste, mas só me faz pensar se quero voltar a ter minha velha vida ou não. Me faz imaginar como seria voltar depois de tudo o que já aconteceu na minha vida durante os últimos meses.
Passo a refletir sobre minhas decisões com relação a tudo o que já aconteceu. Faculdade, romances, histórias, alegrias, amizades, etc.
Tudo é repensado e vejo como cometi erros pelo meu caminho. Sei que muitas dores foram por causa de erros cometidos por decisões precipitadas, por me deixar levar pelas vontades dos outros, por não pensar direito antes de agir. Já desejei poder mudar o passado, mas faria exatamente as mesmas coisas.
Agora, na minha terceira visita à cidade dos meus sonhos, só o que desejo é voltar para a pequena cidade de onde saí alguns dias atrás e rever os amigos que deixei lá, mas ainda assim saio, pela segunda vez, com lágrimas nos olhos enquanto deixo para trás o, na minha opinião, melhor lugar da Terra.
Já me sinto tão em casa neste país, e principalmente nessa cidade, que acho que vou estranhar quando voltar para aquele país distante em que nasci. Vai ser estranho ouvir minha língua-mãe o tempo inteiro. Vai ser estranho sentir o calor nauseante e achar algo normal. Mas, acima de tudo, vai ser estranho chegar na cidade onde fui criada e perceber que, finalmente, estou em casa. Na minha verdadeira casa.
(London - 25/05/2011)
(London - 25/05/2011)