Sim ou não, certo ou errado. Cansei de pensar nisso.
Caminhando pelas ruas desertas de uma cidade desconhecida posso ver quem sou de verdade. A andarilha solitária que vive tentando encontrar alguém como ela.
O vento gelado castiga a pele fina do meu rosto, a única parte exposta de meu corpo. Puxo o cachecol para cima, até que só meus olhos fiquem à mostra. É só mais uma noite como qualquer outra.
Paro para observar a noite. A vizinhança está quieta como sempre. Ao longe posso ouvir o som de um carro passando na estrada. Em seguida mais nada. Silêncio.
Caminho lentamente desejando estar perto de minha casa; ando em silêncio por quase dez minutos. Meus passos ecoam na rua iluminada por luzes amarelas. As casas, iguais umas as outras, me observam em silêncio.
Ainda posso sentir o gosto do álcool em minha boca. Começo a falar sozinha para fazer minha cabeça parar de rodar. ‘É só mais uma noite como qualquer outra’. Resmungo algo ininteligível e chuto uma pedra. Ela faz barulho quando acerta a roda de um carro estacionado. Fico em silêncio de novo.
Passo pelo parque e paro para observar o rio. Eu estou no centro da cidade. Não consigo lembrar porque não fui para casa cedo, porque ainda estou na rua se os ônibus nem estão mais rodando. Imagino em como posso chegar até minha casa sem dinheiro. Gastei meu último pence no quarto pub e estou a mais de três milhas de casa.
Sento sob uma cerejeira e observo os corvos voando. Ouço uma música suave e percebo que não estou sozinha. Há mais alguém andando no parque. ‘Quem será? ‘ Espero até que a figura se aproxime e percebo, tarde demais, que deveria ter fugido.
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